Quarto de hotel
Os hotéis estão a apostar em pacotes para estadias prolongadas

O título do artigo da ‘Viajes’, o suplemento de turismo do jornal espanhol El Mundo, parece provocatório, mas é o espelho da realidade com que se deparam muitos hotéis atualmente, não só Espanha, como em Portugal, e até no mundo. Vizinhos e parecidos em tanta coisa, Portugal e Espanha partilham a mesma dependência do turismo e não é de estranhar que lá, como cá, quem faz deste setor negócio, abrace novas estratégias para compensar a perda de turistas.

Mas voltando ao artigo da ‘Viajes”, no título lê-se – Vivir en un hotel ya no es un lujo: “Resulta más barato que alquilar un piso” (Viver num hotel já não é um luxo: “Resulta mais barato que arrendar um piso”). A jornalista puxou para título uma afirmação de Lucía Méndez-Bonito, CEO do grupo hoteleiro B&B Hotels em Espanha e em Portugal.

Como em tantos outros hotéis, a pandemia ‘obrigou’ a cadeia de origem francesa a reinventar-se e a propor novas finalidades para as suas unidades. A B&B Hotels foi das primeiras a alugar alguns quartos como escritórios nos seus 33 hotéis em Espanha e 4 em Portugal, indo ao encontro da necessidade das empresas encontrarem um local de trabalho tranquilo e confortável com uma rede Wi-Fi que permita a realização de reuniões e videoconferências a preços controlados (19€/dia, das 9:00 às 19:00).

Fez o mesmo com as estadias longas, ao disponibilizar estadias mensais em todos os seus estabelecimentos em Espanha e Portugal. A tarifa básica, a partir de 500 euros por mês, inclui o fornecimento, limpeza e mudança de roupa de cama uma vez por semana, wifi de alta velocidade, estacionamento e outras coisas mais. Em Lisboa, a B&B Hotels tem um hotel junto ao aeroporto de Lisboa, cidade onde o arrendamento por m2 se situa bem acima dos 11 euros.

Estadias longas e escritórios

Desde o passado dia 23 de novembro, os estabelecimentos hoteleiros em Portugal estão autorizados a serem temporariamente usados como escritórios, alojamento prolongado, e espaços de cowork; reuniões, exposições e outros eventos culturais; ‘showrooms’; ensino e formação e salas de convívio de centros de dia ou outros grupos ou organizações. Desta lista de possibilidades, os hotéis parecem estar mais mais inclinados para serem, e isto é importante, temporariamente, espaços de escritórios, cowork ou de alojamento prolongado.

Mesmo antes desta autorização ser dada pelo Governo, já os os hotéis “inventavam” formas de dar a volta ao negócio com a proposta de estadias prolongadas e que, feitas as contas, competem com os valores praticados pelos arrendatários, principalmente em Lisboa e no Porto.

É o caso do grupo My Story Hotels, com unidades no Porto, Lisboa e Açores. No início do mês de novembro, a cadeia hoteleira lançou a campanha “Retiro em Hotel”, para algumas das suas unidades.

A proposta consiste em pacotes que incluem alojamento e alimentação, com estadia de um mínimo de 15 noites e preços que começam nos 25 euros por noite (sem pequeno-almoço). Incluem internet e limpeza/desinfeção de 3 em 3 dias, bem como acompanhamento constante do staff dedicado a estes hóspedes. Mais. As unidades My Story nas cidades de Lisboa e no Porto encontram-se nos centros históricos. Ficar um mês alojado num destes hotéis pode custar entre 775 euros (por pessoa, sem pequeno-almoço) e os 1860 euros para duas pessoas, dependendo do hotel que escolha.

O-My-Story-Hotel-Figueira-faz-1-ano-e-esta-com-ofertas-de-precos-irresistiveis-1024x681 Tendências. Viver num hotel já não é um luxo?
Quarto do My Story Hotel Figueira, na Baixa de Lisboa

Ao criarem programas e pacotes para teletrabalho, os hotéis também podem competir no mercado do arrendamento de escritórios. Ou seja, “montar” escritório num hotel pode ser tão ou mais vantajoso do que alugar um espaço. A Aldeia dos Capuchos, Golf & Spa disponibiliza o programa Workation que permite trabalhar num ambiente tranquilo e arejado, com vista para o mar e ainda usufruir de descontos em diferentes serviços dos hotéis como SPA, ginásio ou restaurantes. O programa está disponível numa versão diária, válido de segunda a sexta-feira das 8h às 18h, por 45€/pessoa ou numa versão semanal, disponível por 195€ por pessoa, ou seja, feitas as contas a quatro semanas, dá um total de 780 euros. Além da utilização de um espaço de trabalho com oferta de água e chá, material de escrita, acrescem outros serviços gratuitos como uma hora de acesso a uma sala de reuniões, estacionamento, utilização ao ginásio ‘The Spot Capuchos’, um desconto de 15% em tratamentos no SPA e ainda uma redução de 20% no preço das refeições no restaurante Meia Lua. Se os clientes optarem pela versão semanal do programa Workation podem utilizar a sala de reuniões, e um projetor, quatro horas durante a semana.

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