Cada vez mais em voga, o conceito de ‘viajar devagar’ nunca fez tanto sentido como agora. Talvez porque a pandemia nos obrigou a tirar o pé do acelerador e a olhar para o que nos rodeia com mais detalhe e com mais tempo e, sobretudo, de outras perspetivas. O conceito é atual, mas não é novo. Muitos blogues de viagens, publicações, sites especializados e curiosos já se debruçaram sobre tema e todos são unânimes: slow travel não se trata apenas de mais uma forma de viajar, é uma filosofia de vida e de bem-estar como outros movimentos que arrastam a palavra slow atrás, tais como slow food (comida lenta) ou slow fashion (moda lenta). Ganhou maior dimensão provavelmente por ser um contraponto ao turismo massificado, de que muito se falou antes da pandemia. O slow travel ou viajar devagar afasta a ideia de conhecer muitos destinos e atrações turísticas na mesma viagem, o mais importante não é colecionar experiências, mas sim viver as experiências, dispensando o tempo e a atenção necessários. No fundo, aquilo que todos sabemos em teoria, mas que nem sempre aplicamos na prática: desfrutar do momento. Em seguida, procuramos resumir os princípios de viajar devagar com base naquilo que já foi escrito sobre o tema. Mas atenção, fazemos algumas interpretações e, em alguns casos, desconstruímos os conceitos subjacentes.
Abrande o ritmo
Com certeza que já lhe aconteceu fazer uma viagem de férias e, no final, sentir-se mais cansado do que quando a iniciou. Isso pode ter acontecido porque não parou um segundo. Visitou todos os locais obrigatórios e mais alguns do destino num tempo recorde. Ok. No final até pode ter acrescentado às suas redes sociais uma impressionante coleção de fotografias, mas terá verdadeiramente usufruído de todos os locais por onde passou? Do que é que se recorda desses lugares? Não se imponha a obrigatoriedade de visitar todos os locais que o amigo ou o guia de viagens sugeriu. Prefira visitar um ou dois, mas com o tempo que é necessário para desfrutar de cada experiência. Para rotinas obrigatórias e ritmos frenéticos já basta o dia-a-dia de trabalho.
Campo ou cidade?
Daquilo que lemos, o slow travel não está ligado a nenhum destino em particular, porque se trata de uma filosofia, logo pode aplicá-la em qualquer lugar, seja numa cidade ou num destino de natureza. O importante é desfrutar ao máximo do tempo que dispensou para estar nesse local. E o prazer da viagem pode ser encontrado de diversas formas: ler um livro num hotel, deambular por uma cidade, passar horas numa esplanada, sentar-se num banco e apreciar a paisagem.
Mais económico ou mais sustentável?
Quem já escreveu sobre o tema sugere, muitas vezes, que o slow travel é uma forma de viajar mais económica, porque implica menos deslocações e visitas, mas não colocaríamos as coisas desta forma. É, sobretudo, uma forma mais sustentável de viajar, porque menos deslocações implicam menos uso de transporte, logo está a tornar a viagem menos poluente. Quando sugerimos que conheça com calma um destino, estamos a sugerir que faça passeios a pé ou de bicicleta, porque, dessa forma, pode fazer as pausas que quiser e mudar de trajeto se entender (que melhor forma existe de conhecer um local?). Além do mais, nesses passeios pode ter mais contacto com a comunidade local, descobrir o que fazem, onde compram e onde comem? Não tem de meter conversa com toda a gente com quem se cruza, mas no simples ato de observar, aprende-se muito. Se recorrer ao comércio e aos restaurantes locais está a contribuir para a economia local.
Desligar-se e ligar-se
Um dos princípios do slow travel é a redução do uso do telemóvel na viagem. Daquilo que lemos, e não queremos interpretar mal quem já se debruçou sobre este tema, não é que a tecnologia não nos faça falta, mas sabemos que, com um telemóvel na mão, as distrações são muitas (conversas nos whatsapp, uma ida ao email, um partilha na rede social) e às tantas o nosso olhar e atenção perdeu-se no ecrã de um telemóvel. Do que lemos sobre slow travel, percebemos que existe sempre uma tendência para sugerir uma ligação ao destino através de experiências que tragam alguma aprendizagem e não apenas fotos bonitas.
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