Não temos uma bola de cristal que possa indicar quando vai ser possível retomar as viagens. Mas temos escrito aqui muito sobre previsões e tendências que apontam 2021 como o ano da retoma do turismo. No entanto, porque ainda estamos em confinamento, muitos de nós estão céticos quanto à possibilidade de voltar a viajar já no próximo verão. Mas pode mesmo ser uma realidade e muitos destinos já estão a trabalhar para que isso aconteça. O fator principal é a vacinação como moeda de troca para entrar num país.
De acordo com o estudo do Tripadvisor levado a cabo no início de janeiro a consumidores de seis países – EUA, Reino Unido, Austrália, Itália, Singapura e Japão, mais de três quartos (77%) dos viajantes entrevistados afirma que terá maior probabilidade de viajar para o exterior se receber a vacina, aumentando para 86% no caso de viagens domésticas. Nos EUA, mais de um terço dos viajantes (34%) pesquisados afirmam que são muito mais propensos a fazer uma viagem internacional em 2021 depois de receberem a vacina.
Os programas de vacinação não afetarão apenas a confiança dos viajantes para viajar, também terão uma grande influência sobre a escolha do destino para onde viajarão, conclui a pesquisa.
Mais de um quarto (26%) dos entrevistados afirma que, para garantir uma viagem segura, viajarão apenas para destinos que exigem que os visitantes sejam vacinados antes da viagem, sendo os viajantes australianos (32%) e americanos (30%) os que mais esperam que os destinos adotem essa medida de segurança em 2021.
O artigo do The Independent “Paraísos da vacinação: os países que acolhem viajantes imunizados” já avança com uma lista de países que, ”famintos por turismo”, anunciaram que suas fronteiras serão abertas para os viajantes imunizados.
Ao mesmo tempo, o setor da aviação civil pressiona a Organização Mundial de Saúde (OMS) para que seja possível viajar sem quarentenas se os passageiros estiverem vacinados. Obter o aval da OMS é um passo fundamental para o desenvolvimento de um “passe digital de viagem” para permitir viagens internacionais seguras, de acordo com a International Air Transport Association (IATA).
Da lista dos países referidos pelo jornal britânico onde não é preciso fazer quarentenas, desde que estejam vacinados, surge a Polónia, que suspendeu os requisitos de quarentena para viajantes que receberam as doses da vacina Covid-19, assim como a Estónia, as Seychelles, a Geórgia, a Roménia, a Islândia e o Chipre.
Por cá, a Madeira já anunciou que o ‘corredor verde‘ que já existia no aeroporto da Madeira para quem chegava com teste negativo, vai ser alargado a turistas vacinados e recuperados da covid-19 (com comprovativo até 90 dias de validade). Ou seja, para serem elegíveis, os turistas que se insiram nestas novas condições têm de comprovar o seu estado atual através de um de dois documentos: o comprovativo de vacinação à covid-19, ou o comprovativo de recuperação da doença há menos de 90 dias. Esse documento deve ser submetido na app madeirasafe.com antes da realização da viagem, esclarece o Turismo da Madeira. A decisão é, para esta entidade, “um voto de confiança na nova fase que o mundo está a viver, além de incentivar as visitas à ilha e ser um estímulo à atividade económica, enquanto se mantém o destino seguro”.
Mas se a Madeira já deu um passo em frente, a criação de um passaporte de vacinação não é para já um tema fechado para o Governo português, por não reunir consenso entre os países da União Europeia. Em cima da mesa está a hipótese de um certificado para fins médicos, com informação padronizada entre os 27.
Sem consenso, vários países europeus avançam com as suas próprias medidas no que refere à vacinação, algo que, de resto, já tínhamos assistido no passado, com as quarentenas e os testes exigidos para entrar em cada país. Aqui ao lado, em Espanha, o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo está a trabalhar num passaporte que garanta mobilidade segura “quando possível”. O objetivo é criar um documento ou aplicação em coordenação com outros países para que seja aceite por todos. Enquanto isso, a Islândia emitiu certificados de vacinação desde o final de janeiro para todos os seus cidadãos que receberam ambas as doses da vacina. A Dinamarca quer fazer o mesmo até ao final de fevereiro e a Suécia deseja tê-lo pronto antes do verão.