Do Camembert e Brie ao Epoisses du Bourgogne e Roquefort, os franceses inventaram alguns dos queijos mais apreciados do mundo. Assim, só seria justo que a inauguração do Musee du Fromage, o primeiro museu dedicado à arte milenar do fabrico de queijo, se sucedesse no coração de Paris.
O recém-inaugurado museu visa dar a conhecer o fabrico de queijo em França, o segundo produtor principal do continente europeu, descoroado apenas pela Itália. Além de aprenderem sobre a história de diversos queijos franceses famosos, os visitantes podem ainda ver em primeira mão a sua produção, conversar com produtores de queijos e até provar as iguarias.
O Musee du Fromage foi conceptualizado por Pierre Brisson, que relembra as tardes de domingo passadas no mercado, quando ficava fascinado a olhar as vitrines dos produtores de queijo, maravilhado com a variedade. Ao chegar a Paris há 15 anos, deparou-se com o cenário de orgulho em redor do vinho e a sua exibição em museus parisienses, em contraste com a ausência da apreciação de um outro símbolo francês icónico: o queijo.
“As pessoas podem ver a produção de queijo ao vivo e também falar com o produtor de queijo”, contou Brisson à Euronews . “Estamos a trabalhar com muitos agricultores tradicionais, então queremos que as pessoas [sintam que estão] a viajar quando experimentam o queijo. Estamos a abrir uma pequena janela no coração de Paris para o lado rural da França”.
“[O processo] depende de muitas coisas, até mesmo do humor dos animais cujo leite está a ser usado”, explicou Agathe de Saint-Exupéry, uma das especialistas do Musee du Fromage, ao Guardian. “Pode fazer-se o mesmo queijo bom todos os dias, e todos os dias ele terá um sabor diferente. Isto simplesmente não pode ser feito industrialmente”.
O fabrico de queijo é uma profissão que, em França, rende mais do que outras atividades rurais. Ainda assim, Brisson frisa que se trata de um trabalho cansativo e alerta para a escassez de mão de obra que o setor está a enfrentar atualmente.
Com o movimento contínuo do campo para as cidades em França, que espelha a realidade de muitos outros países, Brisson espera que o Musee du Fromage ajude as pessoas a reforçarem os laços com a sua herança rural, de modo a compreenderem o seu impacto na vida dos cidadãos franceses, mesmo daqueles que residem nas cidades.
“Agora, somos capazes de saber, graças à ciência, muitas coisas sobre o queijo. Mas os nossos antepassados, eles não sabiam de todos esses detalhes, mas ainda assim conseguiam fazer queijos incríveis e desenvolver competências de fabrico de queijo muito incríveis. Então, há um know-how que foi desenvolvido durante séculos que nós meio que herdámos hoje. Temos a responsabilidade de manter isso vivo e continuar a passar a paixão para as novas gerações”.