Agora que 2020 estĂĄ quase a terminar, e depois de um ano atĂpico para as viagens e para o turismo, Ă© tempo de fazer previsĂ”es para 2021. Foi o que fez a equipa do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT). AtravĂ©s de uma pesquisa alargada aos principais estudos nacionais e internacionais de tendĂȘncias e com base na perceção pessoal e no know-how dos elementos da equipa do IPDT, eis as 10 principais tendĂȘncias de viagem para 2021:
1.Segurança e Higiene decidem destino
“Em 2021, os turistas terĂŁo a segurança sanitĂĄria e as condiçÔes de higiene no centro das suas decisĂ”es antes de comprarem viagens, ou reservarem alojamento ou atividades de animação turĂstica.
Este comportamento serĂĄ uma das heranças de 2020, e que irĂĄ determinar uma maior procura por destinos e serviços que sejam transparentes nas suas polĂticas de higiene, e as comuniquem de forma clara e integral.
Mais do que nunca, os turistas estarĂŁo atentos aos comentĂĄrios de outros viajantes nas plataformas digitais de avaliação (ex: TripAdvisor)”.
2.Descobrir os destinos em grupos mais restritos
“2021 ainda serĂĄ um ano de transição. Uma das tendĂȘncias Ă© que os turistas vĂŁo preferir viajar em grupos mais restritos (ex: famĂlia, amigos mais prĂłximos) evitando partilhar experiĂȘncias com outras pessoas.
AlĂ©m de ser um comportamento que transmite maior sensação de segurança ao turista, permite que a experiĂȘncia ou visita seja mais personalizada, criando um sentimento de maior proximidade com o serviço que estĂĄ a usufruir, ou com o destino que estĂĄ a conhecer. Para aproveitar este âupgradeâ os turistas deverĂŁo estar, mesmo, predispostos a pagar mais pela exclusividade”.
3.Reservas Last Minute vĂŁo aumentar
“Embora a vacina para a COVID-19 traga mais otimismo e confiança, os turistas ainda vĂŁo manter em 2021 a tendĂȘncia de reservar voos, alojamento e experiĂȘncias mais prĂłximo das datas da viagem.
Os estudos mais recentes apontam que o tempo de consideração diminuiu durante 2020, e irå manter-se curto pelo menos no primeiro semestre de 2021.
Em 2020, o perĂodo mais frequente para a reserva de serviços turĂsticos foi de 1 a 2 semanas antes da viagem. Em 2021, Ă© expectĂĄvel que este perĂodo aumente ligeiramente, mas ainda longe do perĂodo de consideração prĂ©-pandemia (2 a 3 meses)”.
4.Viajar enquanto se (tele)trabalha
“Se 2020 nos trouxe algo de positivo, foi a possibilidade de agilizarmos a nossa presença nos escritĂłrios. O teletrabalho ficou validado como uma solução plausĂvel para grande parte dos trabalhadores e as empresas estĂŁo a ajustar as suas dinĂąmicas (ex: A Google adiou o regresso ao escritĂłrio para setembro 2021, face ao sucesso da experiĂȘncia). JĂĄ vinham a ser uma das grandes tendĂȘncias, mas acredita-se que os ânĂłmadas digitaisâ, ou full-time travellers como jĂĄ sĂŁo conhecidos, venham a ser uma certeza do turismo, nĂŁo sĂł em 2021, mas tambĂ©m da prĂłxima dĂ©cada. A adoção do teletrabalho por mais empresas, abre a possibilidade para que os profissionais articulem o seu fluxo de trabalho em âviagemâ, em destinos e serviços que estejam preparados para tal.
O setor turĂstico, nomeadamente o alojamento, tambĂ©m tem vindo a trabalhar intensamente estas tendĂȘncias para se reposicionar como opção para acolher este ânovo turistaâ (ex: vĂĄrios hotĂ©is tĂȘm repensados os seus espaços para criar âco-working spacesâ)”.
5.Em busca da adrenalina, um turista mais ativo
“Depois de um ano limitados de movimentos, todos estamos ansiosos por explorar, por viver mais. Em 2021, os turistas devem procurar mais atividades ativas que lhes permitam exercitar, libertar-se e viver novas experiĂȘncias.
Percursos pedestres, percursos ciclĂĄveis na natureza, atividades radicais (ex: rafting, canyoning, bungee jumping) deverĂŁo ser mais procuradas pelo turista de 2021, pois sĂŁo capazes de transmitir mais liberdade e adrenalina.
Nas cidades Ă© expectĂĄvel que os turistas optem por caminhar mais â ou utilizem transportes âao ar livreâ â para as descobrir. Os transportes pĂșblicos deverĂŁo ser menos utilizados pelos turistas para se deslocarem entre pontos de visita e, quando forem opção, sĂȘ-lo-ĂŁo fora das horas de ponta dos residentes”.
6.Viagens de sonho vĂŁo realizar-se
“GratidĂŁo por viajar. Este deverĂĄ ser o sentimento mais comum nos viajantes de 2021. ApĂłs um ano âlimitadosâ os turistas verĂŁo 2021 como o momento ideal para realizar as suas viagens de sonho, assim que as condiçÔes de segurança nesses destinos se encontrem normalizadas.
2020 teve o condĂŁo de nos colocar a sonhar mais que nunca, e a fazer mais pesquisas que nunca. Em determinados destinos, o pico de pesquisas da dĂ©cada 2011-2020 foi alcançado durante 2020, o que revela a vontade que todos temos de voltar a viajar. 2021 chega como o momento de realizar o que sonhamos, nĂŁo adiando mais algumas das viagens que temos na nossa bucket list“.
7.Continuar a descobrir o nosso paĂs
“Em 2020, os destinos mudaram o foco para atrair o turismo interno. Esta mudança de paradigma tornou possĂvel projetar novos lugares, tradiçÔes e experiĂȘncias que, atĂ© entĂŁo, os turistas desconheciam. O interesse pelo prĂłprio paĂs aumentou consideravelmente, sendo um desses exemplos as pesquisas por âturismo rural em Portugalâ que atingiram o pico da dĂ©cada em Maio de 2020. A nĂvel nacional, os portugueses souberam responder positivamente ao repto lançado pelos destinos, alavancando o turismo interno, e reduzindo ligeiramente os impactos da pandemia no setor turĂstico.
Em 2021, Ă© expectĂĄvel que os turistas mantenham o interesse pelo prĂłprio paĂs e apresentem tendĂȘncia para fazer mais viagens internas ao longo do ano, algo bastante positivo na Ăłtica da redução da sazonalidade. Embora seja o ano em que as viagens internacionais âvĂŁo arrancarâ, diversos turistas ainda manifestam mais confiança em permanecer nos prĂłprios paĂses, sobretudo no primeiro semestre”.
8.A viagem terĂĄ um compromisso com a sociedade
“Os turistas estĂŁo, cada vez mais, atentos ao impacto das suas viagens nos destinos. Contribuir, efetivamente, para a melhoria da qualidade de vida das comunidades, para a valorização da cultura, para a preservação do ambiente sĂŁo elementos que o turista darĂĄ maior atenção durante a prĂłxima dĂ©cada. Destinos, hotĂ©is, restaurantes, empresas de animação, rent-a-carâs (outros) que apresentam, de forma clara e transparente, as suas polĂticas de sustentabilidade e de contributo para a comunidade, terĂŁo uma vantagem competitiva no mercado turĂstico em 2021.
As certificaçÔes, quando atribuĂdas por entidades reconhecidas, vĂŁo ser mecanismos fundamentais para apoiar as empresas e destinos a diferenciarem-se no mercado turĂstico, indo, assim, ao encontro das necessidades e exigĂȘncias do turista pĂłs-pandemia2.
9.Fugas Ă rotina. Mais retiros no campo
“As fugas para o campo serĂŁo uma das tendĂȘncias de viagem que irĂŁo manter-se em 2021. Os turistas revelaram uma aptidĂŁo elevada por destinos que proporcionem uma experiĂȘncia em comunhĂŁo com a natureza, num ritmo mais lento, permitindo quebrar a rotina citadina. ExperiĂȘncias que permitam ao turista abstrair-se do stress diĂĄrio, que o desligue dos emails, das redes sociais e da televisĂŁo serĂŁo bem-vindas em 2021. Nestes cenĂĄrios, os turistas estĂŁo mais predispostos nĂŁo sĂł a integrar atividades de natureza (ex: caminhadas), mas tambĂ©m viver as tradiçÔes das comunidades locais e envolver-se mais. As famĂlias, sobretudo as que possuem filhos, serĂŁo mais recetivas a este tipo de produtos”.
10.Mais noites nos destinos
“STOP! Os turistas em 2021 sentirĂŁo necessidade de diminuir o ritmo das suas viagens e permanecer mais noites nos destinos, para os descobrir mais profundamente.
Após meses de confinamento, os turistas irão aproveitar ao måximo as suas viagens, participando em mais atividades locais, envolvendo-se mais com as comunidades e suas tradiçÔes (assim que a pandemia esteja controlada), e descobrir outras åreas menos visitadas dos destinos, bem como destinos na proximidade.
Menos viagens ao longo do ano, mas mais longas serĂŁo comuns em 2021. Esta tendĂȘncia Ă© importante para aumentar os contributos positivos das viagens (ex: maior gasto, maior consumo no comĂ©rcio local, mais participação e respeito pela cultura) e mitigar as alteraçÔes climĂĄticas”.