O Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, inaugurou na passada quinta-feira, dia 13, a “maior exposição” de arte bruta da Península Ibérica, composta por 150 obras, com o objetivo de convocar debate e reflexão sobre saúde mental, ao abrigo da programação “Arte&Saúde”.
A Intitulada de “Portreto de La Animo Art Brut etc.” abre ao público na próxima sexta-feira, dia 14 e ficará patente no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) até 12 de novembro. A mostra é composta por cerca de 150 obras de 99 artistas, a maioria das quais só foram encontradas depois de os artistas morrerem.
A par da exposição, está previsto um ciclo de conversas sobre arte na saúde mental e na reabilitação psicossocial, visitas guiadas e orientadas, assim como atividades com comunidades educativas e unidades de saúde.
“Portreto de La Animo Art Brut etc” resulta do encontro entre as obras do acervo do MNSR e da coleção Treger Saint Silvestre, em depósito no Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira, no distrito de Aveiro.
Em exposição estão obras de artistas como Abraham Hadad, Aloïse Corbaz e Aurel Iselstöger, bem como descobertas mais recentes como Guo Fengyi, Eugene Von Bruencheinhein e Jaime Fernandes, um dos mais destacados autores da arte bruta em Portugal, que esteve no centro do documental “Jaime”, de António Reis e Margarida Cordeiro.
“A arte bruta é um diamante que nunca foi talhado”, disse o curador da exposição, António Saint Silvestre, durante uma visita de imprensa àquela que definiu desde logo como “a maior mostra de Arte Bruta realizada na Península Ibérica”.
Em 1945, o artista francês Jean Dubuffet apelidou de arte bruta a produção artística que não se enquadrava nos conceitos tradicionais artísticos, liberta dos cânones e das influências formativas. A arte bruta teve expressão relevante em pessoas marginalizadas, como prisioneiros, pacientes com doença mental e sintomas psicóticos, recordou o curador.
O diretor do MNSR, António Ponte, salientou “o significado” desta exposição que convoca o debate a reflexão sobre a saúde mental, ao abrigo do eixo programático em curso “Arte&Saúde” e Afirmou : “Importa colocar os museus a discutir a saúde mental”, considerou, acrescentando que o museu, enquanto espaço de discussão, deve “assumir um papel central na discussão da contemporaneidade”.
A exposição conta com o apoio da Fundação Millenium BCP, da Lusitânia Seguros e do Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do Museu Nacional Soares dos Reis.