Em março, o Alvalade Cineclube apresenta o ciclo “IRÃO, MEU AMOR”, são 9 filmes femininos sobre o Irão e a presença das mulheres nessa república islâmica, que vão estar em exibição no Cinema Fernando Lopes, todas as quintas-feiras, às 21:00, de 7 a 30 de março.
Durante um mês, as mulheres que fazem cinema no e sobre o Irão apresentam os seus filmes no Cinema Fernando Lopes, pela mão do Alvalade Cineclube. São filmes sobre viver na exílio, sobre as relações entre família que se reveem numa compota da mãe, ou como o próprio cinema iraniano pode refletir, reforçar e reproduzir o sistema opressivo instalado desde 1979. São 9 filmes nunca vistos em tela em Portugal, de 5 realizadoras iranianas que não se escondem do seu género e têm algo a dizer sobre o Irão.
O ciclo começa a 9 de março com três curtas metragens. Em The Journey of No Return, a premiada artista visual Mitra Tabrizian, uma mulher “sem nome e sem país” procura um sentido de pertença. Uma fotógrafa que nunca tocou numa máquina fotográfica. Uma rapariga num peep-show que nunca trabalhou em nenhum. Uma argumentista que nunca escreveu um diálogo. O filme é uma crítica a certos aspetos da cultura britânica e aborda crises de identidade. Em Mother’s Apricot Compote, Nia Fekri evoca os fantasmas que assombram a vida quotidiana de duas mulheres, mãe e filha. Uma reflexão sobre a experiência do imigrante dentro e fora da diáspora iraniana, com receita de compota de damasco incluída. Em Away, Parisa Aminolahi explora a dificuldade de adaptação de um jovem casal que se muda do Irão para os Países Baixos. A realizadora marca presença nesta sessão para uma conversa.
A 16 de março, a aula é outra. A partir de um manual datado da revolução islâmica, a realizadora Sanaz Azari aprende a ler e escrever persa, a sua língua materna. Em I for Iran, um homem explica tudo frente à câmera. “Estamos em Bruxelas, seguras da vida. No final estamos a discutir uma revolução”, explica a organização. Esta sessão inclui uma conversa com a ativista Tina Sabounati.
A terceira sessão, marcada para 23 de março, mostra talvez o filme mais premiado do programa: Gholam. Este filme de Mitra Tabrizian foca-se na história de um taxista iraniano em Londres, aparentemente na expectativa de regressar ao Irão, mas nunca verdadeiramente convencido. A realizadora vai estar na sessão para conversa.
A última sessão de “Irão, Meu Amor” tem perguntas. Porque é que alface cura as mulheres da promiscuidade sexual? Como nos tocamos se não nos podemos tocar? Os quatro filmes de Maryam Tafakory “olham a república islâmica e o cinema iraniano de frente, para meter o dedo no sítio certo”, de acordo com a organização. Esta sessão inclui um debate alargado com vozes dos movimentos feministas Elas no Cinema, Mutim, Manamiga e Olhares do Mediterrâneo, além da própria realizadora.