Calçada portuguesa @ Lisboa Secreta 2025
Calçada portuguesa @ Lisboa Secreta 2025

Lisboa tem um dos pavimentos mais famosos (e fotografados) do mundo, mas poucos sabem que a calçada portuguesa guarda segredos debaixo dos nossos pés. A Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL) decidiu partilhar algumas dessas histórias curiosas que transformam cada passeio num verdadeiro museu ao ar livre.

Tudo começou em 1821, quando o Terreiro do Paço trocou os caminhos de terra batida e pedra irregular por mosaicos de calcário. O objetivo era simples: modernizar e organizar a cidade. Mas o resultado acabou por ser muito mais do que isso — uma obra de arte coletiva que se espalhou pelas ruas lisboetas.

O episódio fundador aconteceu em 1842, no Castelo de São Jorge, que na altura ainda era uma prisão. Sob orientação militar, alguns reclusos desenharam no chão um rinoceronte em pedras pretas e brancas, em homenagem ao presente exótico que D. Manuel I tinha recebido séculos antes. O sucesso foi imediato e os padrões multiplicaram-se por Lisboa, tornando-se parte essencial da sua identidade.

O mais curioso é que muitos calceteiros deixavam “assinaturas” discretas nas pedras: peixes, estrelas ou até iniciais escondidas que quase ninguém repara. Pequenos gestos que deixaram um traço pessoal na cidade que estes trabalhadores ajudaram a construir.

A calçada portuguesa tornou-se um símbolo da identidade nacional que se espalhou pelo mundo, de Macau ao Rio de Janeiro, passando por Buenos Aires e Luanda — locais onde ainda sobrevivem padrões lisboetas intactos.

Agora, o pavimento pode agora ganhar um novo estatuto. Em março deste ano, a calçada portuguesa foi oficialmente candidata a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. A candidatura juntou mais de 50 calceteiros, municípios e instituições, com o objetivo de valorizar os mestres que mantêm esta tradição viva. 

Entre eles está Vítor Graça, formado na Escola Municipal de Calceteiros, que já levou os mosaicos portugueses até Budapeste e continua a mostrar que cada pedra é um pedaço de história coletiva.

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