Para alguns dos caminhantes, a paisagem do destino escolhido pode ser o mais importante numa caminhada, já para outros, o que mais importa mais é a viagem em si e a camaradagem ao longo do trilho. No entanto, os locais da lista das melhores rotas de caminhadas do mundo têm todos uma coisa em comum: um sentido que transforma o ato de caminhar numa expedição de afirmação da vida única.
Conheça as 10 melhores rotas de caminhadas do mundo, segundo o loney planet:
GR20, Córsega, França
- Distância: 168 km, ida e volta
- Duração: 15 dias
- Nível: Difícil
Esta pode ser a melhor caminhada para quem gosta de desafios. O percurso pela Córsega é conhecido pela diversidade de paisagens que atravessa, e pelo nível de coragem que exige aos caminhantes que enfrentam os seus trilhos acidentados. Ao longo do percurso vai passar por florestas, paisagens lunares de granito, crateras varridas pelo vento, lagos glaciares e torrentes. Ainda vai encontrar turfeiras, maquis, picos cobertos de neve, planícies e extensões de gelo formadas a partir da neve.
Criada em 1972, a GR20 liga a cidade de Calenzana, na Balagne, a Conca, a norte de Porto Vecchio. O caminho é rochoso, irregular e íngreme, com travessias sobre pontes frágeis, com escaladas expostas sobre faces de rocha escorregadias, e com pedras soltas e escorregadias. Para percorrer a GR20, terá de beber água de nascentes e dormir em refúgios rústicos nas montanhas.
Trilha Inca, Peru
- Distância: 33 km, ida e volta
- Duração: 4-5 dias
- Nível: Moderado
A melhor caminhada para os exploradores modernos conta um trilho de 33 km até à cidadela inca de Machu Picchu, do século XV. Existem algumas regras e restrições para controlar o número de visitantes. Para caminhar neste percurso, é necessário reservar com pelo menos seis meses de antecedência para obter uma das 500 autorizações disponíveis por dia.
A caminhada até à ruína mais famosa do Peru tem vistas únicas sobre as altas florestas nubladas, com o Machu Picchu à sua frente como um farol. O trilho sobe até aos 2 430 metros a partir do Vale Sagrado, subindo, descendo e contornando montanhas, e atravessando três passagens altas pelo caminho. Para aqueles que apenas visitam a “cidade perdida” por um dia, as autoridades introduziram três novos circuitos, cada um com sub-percursos à volta do local.
Kilimanjaro, Tanzânia
- Distância: 37-90 km
- Duração: 5-9 dias
- Nível: Moderado
A subida do Kilimanjaro, a montanha mais alta de África, a qual se ergue acima das planícies poeirentas, apresenta uma vista única. Os leões e os elefantes podem andar à solta na sua base, mas o cume é coberto de neve e é suficientemente alto para provocar o risco de doença da altitude, a 5 895 metros.
Para completar esta subida, precisa de fazer sete rotas, sendo que é recomendado realizar caminhadas mais longas para evitar o risco da mudança de altitude. A fase final começa normalmente antes do amanhecer, atingindo o cume quando a primeira luz da manhã irrompe através de uma vasta extensão de savana africana. Na prática, quase dois terços dos caminhantes optam pelas rotas de Marangu (6 dias) ou Machame (7 dias) no lado sul da montanha.
Trilho de Kalalau, Havai
- Distância: 18 km em cada sentido
- Duração: 2 dias
- Nível: Moderado
A maioria dos caminhantes escolhe rotas ao longo da borda do Grand Canyon, ou os trilhos lotadas que sobem até os cumes do El Capitan e Half Dome no Parque Nacional de Yosemite. Além destas rotas, não pode perder esta caminhada costeira. Ligando a praia de Keʻe e o vale de Kalalau, na costa norte de Kauaʻi, o trilho de Kalalau segue uma imponente parede de penhascos salpicada de folhagem tropical até chegar a uma paragem para pernoitar numa esplêndida e remota praia havaiana.
A rota ao longo da costa de Nā Pali começa por ser fácil, mas torna-se progressivamente mais desafiadora devido aos caminhos de terra íngremes. A recompensa é recebida ao ver os vales primordiais, cascatas estrondosas, praias isoladas e as águas agitadas do oceano Pacífico. Apenas é necessário ter cuidado, visto que já se registaram casos de pessoas que caíram do trilho ou foram levadas por inundações repentinas.
Caminhada no Vale Markha, Ladakh, Índia
- Distância: 80km
- Duração: 6-7 dias
- Nível: Moderado
São poucas as pessoas que fazem as caminhadas mais espontâneas da maior cadeia de montanhas do mundo, no entanto, quem as faz é recompensado com vistas únicas. Existem caminhadas por todo o Himalaia indiano, desde a caminhada em Goecha La, em Sikkim, até às caminhadas de peregrinação a templos de montanha remotos em Uttarakhand e Caxemira. No entanto, a melhor rota é a do Ladakh, a qual atravessa desertos de alta altitude na sombra da chuva do Alto Himalaia.
A caminhada do Vale Markha estende-se durante uma semana através de uma paisagem lunar desolada, circulando para sul a partir de Leh, através dos cumes recortados que ladeiam a margem sul do rio Indo, antes de emergir perto do mosteiro budista de Hemis. O melhor de tudo é que não é necessário um planeamento complexo. Pode chegar ao início do trilho de autocarro a partir de Leh, atravessando o rio num cesto pendurado e parando em casas de chá em aldeias budistas intemporais ao longo do trilho.
Routeburn Track, Nova Zelândia
- Distância: 32 km
- Duração: 3-4 dias
- Nível de dificuldade Moderado
O trilho Routeburn é uma das melhores maneiras de atravessar a Ilha Sul da Nova Zelândia. Este é um trilho para os fãs de grandes vistas com céu aberto, na qual pode observar fiordes esculpidos em geleiras, vales truncados e cumes escarpados através das paisagens de dois parques nacionais: Fiordland e Mt Aspiring.
A rota vai de Routeburn Shelter, a norte de Queenstown, até Milford Road, e conta com paragens para pernoitar em parques de campismo. Os destaques incluem as vistas de Harris Saddle e Conical Hill, e mergulhos gelados em lagoas de montanha alimentadas por nascentes. O principal desafio desta caminhada é garantir um lugar entre os números limitados que são permitidos de cada vez. É necessário fazer reservas com bastante antecedência através do site de reservas Great Walks.
Gunung Rinjani, Indonésia
- Distância: 24 km
- Duração: 2 dias
- Nível: Moderado
Se gosta de acordar cedo, não pode perder a rota num vulcão do Sudeste Asiático. Enquanto as praias paradisíacas de Lombok fervilham ao nível do mar, a ilha sobe até uma altura de 3 726 metros no cume deste vulcão coberto por um lago, que ainda ressoa periodicamente, sendo a última registada em 2016.
A caminhada ao cume do Gunung Rinjani está ao nível das caminhadas pelos Himalaias como uma das aventuras favoritas da Ásia. Para tirar o máximo partido das vistas, o último esforço para chegar ao topo começa no escuro, a fim de alcançar a borda da cratera quando a primeira luz faz recuar a escuridão, revelando o lago da cratera e os seus cones de cinzas.
Haute Route dos Caminhantes, França-Suíça
- Distância: 200 km
- Duração: 14 dias
- Nível: Difícil
Partindo de Chamonix, em França, através do sul do Valais, até Zermatt, na Suíça, a caminhada de duas semanas do Walkers’ Haute Route atravessa algumas das paisagens mais altas e deslumbrantes acessíveis em qualquer parte dos Alpes. As caminhadas traçam um percurso diferente do Haute Route de inverno para os praticantes de esqui. Cada etapa irá testar a sua resistência, com saltos de passagem que exigem um elevado nível de aptidão física em muitas secções da caminhada.
Esta é a caminhada mais indicada para realizar nos meses de verão. O esforço físico é recompensado pelas vistas da montanha. A rota passa por prados alpinos, e muitos anseiam por ver afloramentos esculpidos em glaciares guardados por gigantes da montanha. As infraestruturas ao longo do caminho são de boa qualidade, com hotéis, abrigos de descanso, pousadas e refúgios de montanha espalhados por todo o percurso de 14 mil metros de aumento de altitude.
Acampamento base do Everest, Nepal
- Distância: 130 km, ida e volta
- Duração: 2 semanas
- Nível: Moderado
Subindo até 5 545 metros no seu ponto mais alto, a caminhada de duas semanas para o acampamento base do Everest é a caminhada mais amada do Nepal, onde pode ver o Parque Nacional de Sagarmatha, com 8 849 metros. Ao longo dos vales fluviais e da massa rangente do glaciar Khumbu, esta rota visita mosteiros de montanha, miradouros altaneiros e aldeias sherpas, com dias extenuantes de ganho de altitude que irão testar os seus músculos e resistência até ao ponto de rutura.
Mas nem tudo é trabalho duro. As licenças podem ser compradas facilmente. Os carregadores e os guias esperam à chegada da pequena pista de aterragem de Lukla e as acolhedoras casas de chá oferecem camas quentes e pratos nutritivos de dal bhat (lentilhas e arroz) ao longo de todo o percurso. Os trilhos laterais abrem um parque de diversões de montanha com ascensões ao cume e travessias de passagens elevadas para experimentar o verdadeiro montanhismo. Os trilhos podem estar cheios de pessoas, mas o sentido de camaradagem entre os caminhantes é difícil de superar.
Para não sofrer o risco de enjoo agudo da montanha, é recomendado ir devagar e fazer várias pausas nos dias de descanso recomendados para deixar o seu corpo recuperar da altitude.
Circuito Torres del Paine, Patagónia, Chile
- Distância: 136 km
- Duração: 9 dias
- Nível: Difícil
Muitos visitantes do Parque Nacional Torres del Paine, no Chile, desistem quando se deparam com a escala do terreno e optam pelo caminho mais curto, mas é recomendado seguir o circuito completo de 9 dias do “O Trek”, para absorver a grande variedade de paisagens desta magnífica reserva natural. Ao seguir o trilho a partir de Las Torres, passará por algumas das vistas mais fotogénicas do mundo com rios cristalinos, montanhas esculpidas, prados abertos, florestas antigas, lagos profundos e silenciosos e a língua gelada do Glaciar Grey.
Se quiser garantir um lugar durante a época mais movimentada de caminhadas, entre novembro e março, deve planear com meses de antecedência, visto que os parques de campismo e os refúgios são muito procurados.
