Lourenço Ramos e Gonçalo Runa

Ir de Lisboa à Índia sem dinheiro”, é este um dos objetivos de Gonçalo Runa e Lourenço Ramos, dois amigos que se juntaram para percorrer a Europa com o objetivo de chegar a Calcutá, na Índia, cidade onde Vasco da Gama e a sua tripulação desembarcaram em 1498.

Unidos pelo desafio, Gonçalo Runa, proprietário do projeto “De Mochila às Costas”, e Lourenço Ramos conheceram-se na Universidade Lusófona de Lisboa, embora em cursos diferentes. Gonçalo Runa especializou-se em Comunicação e Jornalismo, enquanto Lourenço Ramos licenciou-se em Cinema.

Em entrevista ao Vou Sair, Gonçalo Runa explicou que embarcaram nesta viagem no passado dia 1 de novembro com o objetivo de dar a conhecer a verdadeira essência do país. “A Índia é aquele país que toda a gente fala, mas, na verdade, nunca se sabe muito bem o que há lá. A cidade escolhida foi a que Vasco da Gama atracou quando chegou à Índia de caravela.”

O ponto de partida foi exatamente o mesmo, o Padrão dos Descobrimentos, em Belém. Questionado sobre o porquê de realizarem esta viagem no inverno, Gonçalo Runa afirmou que agora “é mais desafiante” a todos os níveis. “Temos menos horas de luz, então é mais difícil estar ativo a conversar com pessoas, pessoas estas que contribuem para a nossa viagem.”

Como maior desafio, Gonçalo Runa identificou a “falta de dinheiro”, por ser um dos objetivos iniciais desta viagem. Para combater esta adversidade, Gonçalo Runa e Lourenço Ramos costumam tirar fotografias a turistas e vender-lhes por um preço simbólico. Além disso, vendem quadros e desenhos a turistas, museus e galerias.

“Além deste desafio, temos de saber gerir o dinheiro que ganhamos, porque vai haver uma altura em que não vamos conseguir fazer dinheiro, nomeadamente em países mais pobres. Por isso, tentamos viajar pelos países que teoricamente são mais ricos, como Espanha, França, Alemanha e Luxemburgo.”

Em Luxemburgo, conta Gonçalo, “trabalhámos durante uma semana num restaurante português”. Curiosamente, quanto mais longe de Portugal, “mais solidários ficam as pessoas”, é esta a sensação dos dois viajantes.

Atualmente em Sófia, na Bulgária, Gonçalo e Lourenço já passaram por Salamanca, onde conseguiram vender alguns desenhos em grafite, Madrid, San Sebastián e, depois, Paris, cidade em que ficaram durante uma semana e fizeram dois quadros para vender a museus ou galerias. “Em Paris, tentámos vender dois quadros, mas não correu bem, contudo, estamos a tentar vendê-los online.”

De Paris passaram por Luxemburgo, onde trabalharam num restaurante português, e, posteriormente, por Berlim, Polónia, República Checa, Hungria, Roménia e, agora, Bulgária.

No decorrer destas aventuras, já aconteceu ficarem a dormir em casa de pessoas desconhecidas, mas solidárias com a causa, na rua e até mesmo numa área de serviço. “Maioritariamente, usamos o CouchSurfing, uma aplicação onde as pessoas oferecem a sua casa em troca de nada.”

Relativamente à sua deslocação, esta é feita a partir de boleias, que para Gonçalo Runa não é algo novo. “Já fiz isto no passado e, para mim, não é algo novo. Já para o Lourenço a história é diferente, pois é a primeira vez dele numa viagem deste tipo.”

No passado, Gonçalo viajou até aos Balcãs durante dois meses, passando por regiões como Kosovo, Sérvia, Macedónia e Albânia. “No entanto, foi uma viagem com algum dinheiro, mas muito semelhante a esta: viajava à boleia, acampava e até cheguei a dormir em casa de desconhecidos, mas sem a preocupação de ter de fazer dinheiro no caminho.”

No que diz respeito ao digital, ambos já tinham noção que esta viagem ia gerar impacto, mas não esperavam que os “números fossem tão altos”.

Com um total de 50 kg às costas, 20kg o Lourenço e 30 kg o Gonçalo, planeiam chegar a Calcutá no final de janeiro. “Acho que a primeira coisa que vamos fazer é ir à água, depois não faço ideia, ainda faltam 8 mil quilómetros e os dias para nós parecem muito longos, porque estão sempre a acontecer coisas. Então, é difícil pensar nisso.” No futuro, Gonçalo tenciona viajar até ao Brasil durante um mês ou dois.

Gonçalo Runa criou o seu canal de YouTube em 2019 por causa das suas viagens de bicicleta, mas com o passar do tempo começou a publicar alguns vídeos das viagens que fazia e, à medida que o canal ia crescendo, percebeu que “isto tinha futuro”.

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