A calçada portuguesa está um passo mais perto de ser reconhecida pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade. No passado dia 14 de março, foi entregue à Comissão Nacional da UNESCO o dossier de candidatura da “Arte e Saber-fazer da Calçada Portuguesa”, num processo que envolveu três anos de trabalho e a colaboração de mais de 50 calceteiros, oito municípios e mais de 20 instituições nacionais.
Muito mais do que um simples revestimento urbano, a calçada portuguesa é um símbolo de identidade, cultura e estética que marca as ruas e praças do país. Do tradicional padrão de ondas da Avenida da Liberdade, em Lisboa, aos impressionantes desenhos artísticos em cidades como Ponta Delgada ou Funchal, este património está espalhado por Portugal e pelo mundo, especialmente no Brasil e noutros países com ligações históricas a Portugal.
A candidatura à UNESCO não se foca apenas na beleza da calçada, mas também na preservação do saber-fazer dos calceteiros, artesãos especializados que mantêm viva esta técnica centenária. Com o avanço do urbanismo moderno e a substituição progressiva desta arte por soluções mais industriais, o ofício corre o risco de se perder. Daí a importância de um reconhecimento internacional, que pode ajudar a garantir a sua continuidade, salienta a associação da calçada portuguesa.
“Esta candidatura serve também como um apelo às entidades públicas, nacionais e locais, para que se comprometam com a preservação e promoção desta arte que deve ser assumida como um ativo estratégico para a afirmação de Portugal”, destaca a associação.